*Por: Mayara Vellardi
(se for compartilhar, cite a fonte e a autoria, please!)
“Nunca fui de grandes comemorações, almoços em família eram
obrigações na minha lista de tarefas. Eu sempre gostei de ter o meu espaço, de
ficar só. Casei, tive filhos, eles cresceram rapidamente, como a força do
vento, tanto que casaram, tiveram filhos e hoje comandam suas próprias vidas.
Sempre trabalhei demais e não me dei ao luxo de desfrutar os
pequenos prazeres da vida. Fui uma funcionária impecável, exemplar. Recebi ano
após ano, diversos prêmios por assiduidade, competência e comprometimento.
Hoje, internada no hospital, pude ter uma outra percepção
dos acontecimentos. Não recebi visita alguma, mas não julgo meus filhos e meus
netos por isso, porque quando eles precisaram da minha companhia, eu estava
ocupada demais para eles. Só espero que Deus me conceda um sopro de vida o
suficiente para ter alta e poder aparar algumas arestas.
Quando tiver alta vou viver a vida que me resta; aproveitar
para beijar todos os meus netos enquanto há tempo; pedir perdão para os meus
filhos pela mãe ausente que fui durante toda a vida deles; falar para o meu
ex-marido que eu adoraria que ele tivesse ficado comigo até o fim de nossas
vidas, mas que, finalmente, eu compreendo o motivo pelo qual ele decidiu ter
outra família; apreciar o pôr do sol sem pressa alguma; chupar um sorvete de
casquinha sentada no banco de alguma praça enquanto observo o voo dos pássaros;
ouvir repetidamente aquela música que eu tanto gostava e dançar freneticamente
até perder o ar...
São coisas simples, mas que ao longo de uma vida, fazem toda
a diferença. Corri tanto e não cheguei a lugar algum. Essa disputa louca em
querer ser a primeira, ganhar mais e mais, receber elogios dos chefes e subir
de cargo, só me trouxe bens materiais e o mais importante foi deixado de lado:
o convívio humano, os erros, as risadas e os momentos.
A vida é feita disso, de momentos! E infelizmente só agora eu
percebi que viver não é participar de uma corrida e que não existe um ponto de
chegada. A diferença está no caminho que a gente trilha, dia após dia, junto
com as pessoas que escolhemos.
Sabe de uma coisa? Este Natal foi o mais especial de todos
até agora, porque esta cama dentro deste quarto solitário me deu o tempo que eu
precisava para refletir sobre a minha vida e tudo o que esta data representa.”
No dia 26 de dezembro, a senhora Joana, de 63 anos teve alta
do hospital e quando chegou em sua casa teve uma grata surpresa: seus filhos e
netos estavam reunidos para recebê-la. Feliz, ela teve a oportunidade de falar
tudo o que estava em seu coração e abraçá-los muito. No dia seguinte, recebeu a
visita de seu ex-marido e fez as pazes com ele também. Como seu estado era
grave e o câncer havia se espalhado por todo o corpo, dois meses depois ela
veio a óbito, mas antes de partir, deixou a seguinte mensagem:
“Esses foram os dois meses mais intensos de minha vida. Mesmo
com uma doença tão severa, eu pude ficar muito próxima a todos aqueles que amei
e pedir perdão pelos erros de uma vida. Porém, o mais importante nisso tudo,
não foi somente pedir perdão e amar aquelas pessoas que me cercavam, mas perdoar
e amar a mim mesma, pois descobri que se não temos amor em nós mesmos, não
conseguimos ter amor em mais ninguém. E há mais de 2000 anos, Jesus, com sua
imensa sabedoria, já dizia essa frase tão magnífica que não nos damos conta até
hoje: Amai o próximo como a ti mesmo.”
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